Mais uma vez em São Paulo, agora para o lançamento do livro que coordeno junto com a Angela Passadori.
Marco almoço com uma amiga e, atravessando a cidade, da Angélica para Moema, vou observando a paisagem cinza, por vezes colorida pelos grafites.
Toda vez me surpreendo com a quantidade de viadutos desta selva de pedras.
O carro diminuiu a velocidade, pelo trânsito intenso, para embaixo de um dos viadutos e me deparo com o inusitado do momento. Ali, em meio a um barraco plástico e pedaços de ripas, está uma menina bailando, no seu mundo de sonhos, alheia àquela realidade.
A cena me emociona profundamente, a situação nua e crua contrasta com a beleza do momento. Que vontade de tirar uma foto, porém achei invasivo, interferir naquele cenário idílico.
Me despedi, quando o carro finalmente andou, fitando aqueles bracinhos que bailavam no ar, alegremente.
Ontem eu me deparei com uma cena inusitada, uma senhora bem idosa com seu cachorrinho no colo, sentada na frente de uma chocolateria, a única mesa ali. Um grande sorriso iluminava o seu rosto.
Uma torta singela sobre a mesa e todos os funcionários da loja em volta dela, alegres e festivos. De repente, começaram a cantar parabéns.
Eu estava ali apenas para tomar um cafezinho. Constrangida entrei na loja para fazer o meu pedido.
Elogiei a postura dos funcionários comemorando com a senhora. Então a atendente me disse ela, é sozinha, vem aqui todos os dias tomar um cafezinho conosco e hoje veio, também, comemorar a seu aniversário.
Aquela era a família dela.
No meu coração dividido entre tristeza e alegria, dediquei uma oração e também comemorei aquela data especial.
Todos ali repartiram a torta. Para ela era um dia feliz.
Hoje peguei o metrô para voltar pra casa, depois de 2 horas esperando para ser atendida na farmácia de alto custo, normal. Muita gente precisando de remédio.
Eu entrei no vagão para mulheres, tenho direito a lugar por lei, estava meio cheio, então fiquei na minha, em pé.
No meio do trajeto, para minha surpresa, entra um homem, um pouco mais velho que eu. Ainda olhei bem para ver se ele tinha alguma deficiência, se usava algum tipo de colar, não, ele entrou ali porque ele quis.
Perguntei o que ele estava fazendo ali, mostrei a legislação, escrita em letras garrafais na frente dele, sobre o uso exclusivo do primeiro vagão para as mulheres, que não permitia ele estar ali. Se fez de louco, disse que em nenhum lugar é assim, eu falei para ele aqui é (Brasília), e há muitos anos. Ele não saiu…
Ainda teve uma criatura que levantou para ceder o lugar para ele. Aí uma outra mulher ficou indignada e foi abordá-lo também. Detalhe eu passei a viagem inteira em pé, na frente da cedente. Eu as minhas mais de seis décadas e os meus cabelos brancos. Sobre essa prosa de mulher desvalorizar a outra e passar pano para homem, fica para depois.
Quando eu desci fui no maquinista e falei: tem um homem aí dentro do vagão das mulheres, ele falou que ia chamar o segurança.
Segui para minha casa, parei no caminho e tomei um chai latte.
O passado reverbera em mim, com uma voz constante e potente, no silêncio do meu ser.
Ressoa em mim os ecos de um lugar onde fui feliz e não sabia…
A imagem que me vem: sino tocando no vazio, com vibrações se espalhando em círculos concêntricos…
Ou talvez o rufar de um tambor, em uma caverna escura, meu eu se apropria do ressoar.
Reverbera nos ossos, no ritmo do sangue, no modo como fecho a janela ao entardecer.
Irradia em frequências mais baixas, até se tornar um zumbido de fundo, que acompanha todos os outros sons da vida.
E eu já não tento calá-lo. Aprendi a escutá-lo como se ouve o mar dentro de uma concha: com respeito, com medo, com a certeza de que essa voz — embora antiga — ainda tem o poder de marear.
Na sala de espera da clínica oftalmológica, o ar condicionado soprava um frio artificial sobre um silêncio pontuado por reviras de páginas de revista e olhares perdidos no celular. De repente, como um pássaro colorido pousado num fio de energia, uma voz rompeu a monotonia:
— “Olha só que homão! Que músculos! Um bonitão daqueles!”
Era uma senhorinha de cabelos brancos como neve de montanha, sentada numa cadeira de rodas, o corpo frágil vestido de roupa hospitalar. Na cabeça, uma touquinha branca de sala de cirurgia; abaixo do olho esquerdo, um adesivo vermelho como um botão de alerta. Provavelmente aguardando ou retornando de uma cirurgia de catarata.
Seu riso — um riso frouxo, solto, descompromissado com as convenções — ecoava pelo ambiente. Os olhos azul-claros, talvez embaçados pela idade ou pela doença, brilhavam com uma luz própria.
— “Parece galã de novela! Eita, deixa eu pegar um pedacinho!”
Ao seu lado, um homem de meia-idade — o filho — mantinha a cabeça baixa, as mãos entrelaçadas com nos joelhos. Seu constrangimento era quase palpável, um calor que contrastava com o ar refrigerado.
Ela não falava apenas — declamava. Seu olhar percorria a sala, conectando-se com cada pessoa como se fosse uma convidada especial em sua festa particular. E as pessoas correspondiam com sorrisos tímidos, alguns abafados, outros abertos e compreensivos. Uma senhora mais idosa assentiu com cumplicidade, como se dissesse: “Eu entendo, amiga. Eu entendo.”
Havia nela uma verdade desarmada que só a idade extrema ou a demência incipiente permitem. As amarras sociais que nos constrangem, que nos ensinam a baixar a voz e conter os desejos, haviam se soltado como fios desatados.
E enquanto observava aquela cena, veio a reflexão: O tempo é um ladrão seletivo. Rouba memórias recentes, apaga nomes, embaralha datas. Mas talvez devolva, em troca, uma essência — aquela criança interior que nunca se preocupou com o que os outros pensariam.
O filho, em seu constrangimento amoroso, talvez não percebesse ainda que estava testemunhando a versão mais pura de sua mãe: não a senhora que o criou com regras e censuras, mas a menina que um dia foi, antes de aprender que não se deve apontar e admirar um “homão” em voz alta numa sala de espera.
A demência chegara como um crepúsculo dourado, onde contornos se suavizam e cores se intensificam. Restava a alegria crua, o riso fácil, a capacidade de encontrar beleza num corpo musculoso e de dividir essa descoberta com o mundo — mesmo que esse mundo fosse apenas uma sala de espera de hospital.
Quando a enfermeira veio buscá-la, chamando-a pelo nome com doçura profissional, a velhinha ainda lançou um último olhar cúmplice para as outras pessoas na sala, como se partilhasse um segredo delicioso.
E naquele instante, todos — inclusive o filho, que finalmente ergueu a cabeça e soltou um sorriso resignado — entenderam que, às vezes, a demência não é apenas perda. É a última verdade que resta quando todas as mentiras sociais se vão.
Às vezes volto a ser criança sem aviso. Um cheiro de terra molhada depois da chuva — tão raro em Brasília na seca — e estou de volta ao quintal da infância. Vejo meus pés pequenos sobre a terra fofa, colhendo morangos vermelhos que manchavam os dedos de doce. Meu pai partia romãs, encontradas no mato, com as mãos, e nós comíamos de colher, semente por semente, como se cada uma contivesse um segredo.
Essa criança ainda vive em mim. Ela carrega não só a alegria dos sabores, mas também as dores, que eu pensava ter deixado para trás. Ao reconstruir minha trajetória até Brasília, entendi que não se trata de escolher entre preservar apenas o alegre ou apagar o triste — mas de abraçar a criança interior completa que fui, com suas romãs, seus morangos e suas feridas.
Cada curva no caminho para Brasília foi temperada por esses sabores antigos. A mesma mão que colhia pêssegos no pomar de casa, agora digita em teclados modernos — mas a amêndoa dentro do caroço ainda sabe a promessa.
Brasília não apagou meus sabores — apenas lhes deu novo palco. Aqui, no cerrado, minha criança interior finalmente compreende: a vida não é sobre apagar o passado, mas sobre enxertar memórias em novos troncos.
quero teu corpo poder alucinar estrangular tua cintura em minhas pernas desejo o teu desejo o roçar minha tua boca teus mamilos meus escavar a raiz do teu desejo – porque tenho fome – quero o teu sentir tudo, todo tato, hálito, cheiro desfrutar aos poucos aos muitos quero carinho selvagem, carícia pegar teus cabelos morder tua boca te engolir por inteiro dentro de mim te quero agora urgente
Voltei a escutar o que dedilhou na escuridão: cada nota, um fósforo aceso no escuro do meu não-lugar. Sinto a falta do seu tudo: o prometido que virou brisa, o entendido que desmanchou no tear do tempo. Admito: acordo em seus versos sem nunca ter dormido. Sou vigia da sua vigília, sombra do seu “jamais dormir”. Na transgressão do encontro (que não houve, mas houve), bebo seu “merecido realizar” como quem sorve o oceano por uma fenda na areia. Saudade? Não a nomeio mais. Deixo que ela me nomeie: o nó que aperta o peito, fruta verde do seu verso. Espero como você espera: o tempo que há de vir vestido de alvorada fria. E enquanto a noite dura, abraço seu reconforto como a asa quebrada de um pássaro noturno. Porque sei: a falta que você canta é o único abrigo onde meu silêncio, enfim, se reconhece casa.
O primeiro tapa aconteceu enquanto ela dirigia, numa discussão sem importância, o marido não tinha mais argumentos, virou e bateu na sua mão.
Foi um susto, chegou por segundos a perder a direção do carro, mas retomou rapidamente. Não entendeu o que tinha acontecido, ficou sem palavras até chegar em casa, o rosto permanecia vermelho, como se tivesse levado uma bofetada. Restou um zumbido agudo no ouvido direito.
O casamento já vinha desgastado com frequentes discussões, ela tentava permanecer nele. Havia sido criada sabendo que casamento era para sempre.
Sua mãe repetira até morrer: “Mulher de verdade engole seco e sorri.” Não sabia mais o que fazer, agora aquele tapa.
Sentou no banco da cozinha, observando a mão direita: o lugar onde ele batera latejava; o anel de ouro apertava como cilada.
Lembrou-se de quando ele o colocara, 12 anos atrás. “Para sempre”, ele dissera. Agora, “para sempre” cheirava a medo.
Foi então que o corpo decidiu por ela.
Levantou-se, foi ao banheiro, e vomitou.
Não foi a raiva — foi o nojo retrospectivo de todos os desrespeitos que normalizara.
Quando ele veio para o quarto, tarde da noite, já cheirando a whisky, ela estava sentada na cama, com a mala aberta.
“Onde você pensa que vai?” ele riu, a voz grossa de álcool e soberba.
Ela não ergueu os olhos. Concentrou-se na textura áspera da alça da mala.
“Você me deixou com raiva no carro”, ele justificou, como se falasse de um cachorro que puxara a coleira. “Você me empurra pro limite.”
Foi quando ela viu: não era o primeiro tapa.
Era o último soco num caixão que ela própria cavara, dia após dia, ao dizer “ele muda”.
De pé agora, frente a frente com o rosto familiar, ela disse só:
“Tira suas coisas até amanhã.”
A frase saiu calma, clara, cortante como vidro.
Ele empalideceu. Tentou o velho truque: “Sem mim, você não é nada.”
Mas ela já corria o fecho da mala.
O estalo no carro partira algo irreparável dentro dela — o nó que a prendia.
Na manhã seguinte, ela ficou sentada à janela, silenciosamente equilibrada. Suspirou…
Sua mão direita ainda doía.
Mas pela primeira vez em anos,
o anel não apertava.
Talvez eu vá ao parque caminhar hoje. Talvez as palavras me visitem e eu escreva. Auxiliadora me chamou pro cinema – talvez eu aceite.
Talvez eu viaje para o interior de Minas, engolir montanhas com os olhos, sentir o cheiro de terra e café coado… (sempre quis).
Talvez eu pule de paraquedas – aquele sonho antigo de cair para o céu. Talvez comece natação segunda. Talvez experimente aquele doce de geleia de araçá.
Talvez assista à série famosa quando sobrar um buraco no tempo. Talvez aquele homem lindo me veja através da névoa dos seus fones.
Ou talvez não. Talvez fique em casa. Talvez chova.
E assim, de talvez em talvez, a vida escorre entre os dedos como areia.
Talvez você nunca faça o que te incendeia por dentro. Talvez vire espectadora da própria existência.
Todas as manhãs, antes mesmo do sol raiar sobre Pirenópolis, ela moía grãos ao som do farfalhar das pétalas vermelhas ao vento. Era ali, sob aquele teto vivo, que seu dia começava.
“Café e buganvília têm a mesma alma”, dizia sua mãe. “Ambos florescem onde há raiz forte… e calor humano.”
E Graça regava ambas as raízes. Enquanto a água fervia, seus pensamentos iam para Marina, a filha distante em terras lusitanas.
Depois, para os rostos que povoaram o “Caramanchão Vermelho” por dez anos: o velho Ernesto, que lia jornal sob uma chuva de pétalas, a estudante Juliana, cujas lágrimas caíam sobre o capuccino, manchando a espuma de rosa, os namorados que se beijavam, entre galhos floridos, tanta gente…
No curso de barista, anotou: “Temperatura ideal: 92°C.” Mas seu coração gravou: “Xícara quente + flor vermelha = cura para solidão.”
No Caramanchão, ela não servia café — ministrava ouvidoria. — “Seu espresso, S. Ernesto. E a roseira do senhor, floresceu?” — “Capuccino com canela, Juliana. Hoje a nota vem!” As buganvílias testemunhavam segredos sussurrados, entre o tilintar de xícaras.
Até que a pandemia veio. E o mundo parou.
Na primeira manhã de portas fechadas, Graça preparou um café só para si. Sentou, olhou para cima: as buganvílias, ainda vermelhas, agora sem plateia. Foi então que percebeu: O vapor subia igual, mas o silêncio doía mais que saudade. Eram as flores que choravam agora.
Fechou o café, mas não o ritual. Todas as manhãs, moía grãos para a xícara azul-cobalto. E, enquanto vaporizava o leite, fotografava a espuma branca contra o pano de fundo das buganvílias pela janela.
Enviava para Marina: “Pensando em ti — sob véu vermelho.”
A resposta vinha rápido: “As flores da vovó ainda resistem! Saudades do teu café, mãe.”
Foi numa dessas madrugadas, com o cheiro doce das flores noturnas invadindo a cozinha, que a palavra a atingiu: ACOLHER.
Parou. Olhou para o caramanchão iluminado pela lua — as flores vermelhas agora pareciam braços abertos. Lembrou: — Da estudante Juliana, que voltara com o diploma amarrado por uma fita vermelha; — Do velho Ernesto, enterrado com uma flor de buganvília no paletó; — Do cheiro da infância de Marina, sempre a brincar naquela chão de pétalas e teto florido.
Todas as vezes, não fora só a dona de um café. Fora jardineira de almas.
Anos depois, Marina voltou. Encontrou Graça no alvorecer, colhendo buganvílias com uma mão e o café na outra.
— “Precisa de ajuda, mãe?” Graça sorriu, estendendo-lhe um ramo vermelho: — “Só se me disseres como Lisboa cheira pela manhã.”
Sentaram-se onde antes havia mesas, agora só grama e flores. Graça lhe serviu a xícara azul-cobalto. Marina ergueu o celular: ‘Click.’
— “Pra quem é?” perguntou Graça. — “Pra minha filha. Amanhã. Com a legenda: ‘Vovó Graça diz que café e buganvília têm a mesma alma’.”
Foi quando Graça entendeu: O caramanchão físico poderia até morrer. Mas o verdadeiro caramanchão era ela mesma — tronco firme, flores vermelhas abertas, sempre pronta a dar sombra e beleza a quem precise de um lar passageiro.
Que vontade de te ver Cair nos teus braços Aplacar minha vontade na tua Esperando nossa sede se esgotar Relembrar cada hora … Novamente Ver, ouvir, cheirar, sentir Falar, calar, acariciar… Tantos são os verbos a fazer Explosão química, física… Do envolvimento de nossos corpos Matar minha saudade em ti Acolher teu corpo em mim Que vontade de te ter!
você, sempre você … mas não se preocupe sei quais territórios não me pertencem, sei a hora e o lugar, talvez não saiba o como, ou o quando, porque o gosto de quero mais sempre tenho, mas devaneios são possíveis! por alguns segundos as pernas bambeiam dá uma louca vontade: apertar tua lembrança internada em mim, atrevida, irreverente, fugaz, tanto faz… só não quero deslembrar que por você, sempre você … transigi!
Sobre suas mãos, o café fumega como prece matinal. No véu de vapor, Brasília desabrocha: ipês roxos beijam o alvorecer, o concreto vira poesia, e o mundo — inteiro, infinito — cabe no círculo sagrado dessa xícara, desse instante, desse seu olhar que nunca para de nascer.
Mulher-raiz-asas, não escolhe entre chão e céu — habita ambos. Seu manifesto não cabe em papel: escrito está no riso que ensina, no abraço que cura, no café que sagra o amanhecer. (e o mundo, agradecido, floresce).
Cada pessoa carrega crônicas únicas, momentos que somados formam histórias cheias de sentido.
Ser feliz é uma escolha pessoal, viver cada instante, não ficar presa no passado, nem tentar antecipar o futuro.
A minha tem sido tentar melhorar a cada dia, superar o ontem e abraçar quem eu sou hoje.
Nem sempre é fácil, mas busco viver de forma que, ao olhar para trás, eu não queira mudar nada — porque fui o melhor de mim em cada instante.
Sou grata pelas dificuldades, pois me fizeram crescer. O que me sustentou foram os laços de carinho e a consciência de que agi com a maturidade possível em cada fase.
Minhas decisões me definem. Reinvento-me sempre, celebro minhas alegrias e sigo em frente com leveza.
A vida pode ser um encanto — desde que a gente sonhe, realize e esteja aberta às possibilidades.
Encare os desafios com sabedoria, mantenha o equilíbrio, e nunca deixe de acreditar em si.
Existem comidas que por mais que eu saiba a receita jamais conseguirei reproduzir novamente. Sinto saudade delas, muita, tem particularidades no fazer, o fogão a lenha, uma panela que dava uma queimadinha leve, a forma de lata de óleo antiga, tudo acrescentava sabor único, sabor que o tempo se encarregou de levar embora. Sem repetição… Waffles feitos numa forma de ferro, assados direto no fogo a lenha, cada um dos buraquinhos tinha um dedo de fundura, em cada furo uma generosa porção de geléia, doce de leite ou nata, a gosto do freguês, waffles com gosto de vó. O mingau feito em uma leiteira de aço inoxidável, naquele tempo em que queimava, então tinha que mexer rápido, mas ainda ficava com um queimadinho bom. Esse tinha gosto de mãe, a minha nunca gostou de cozinhar, mas fazia mingau na minha infância, até hoje é a minha comida de conforto, um bom mingau. O lagarto assado lentamente no forno, recheado de toicinho, macio e suculento, acompanhado de macarrão com molho de tomate, gosto de pai, que cozinhava as vezes, ainda guardo esses sabores comigo. Assim são as lembranças das comidas que trazemos conosco, os aromas, cheiros, cheios de recordações. E você, qual é a sua comida de conforto, aquela que além de agradar o coração também aquece a alma?!
Iniciamos a oficina, fazendo uma escrita de cinco linhas, sobre quem somos. Fiz aquele basicão da escola prática, mulher, mãe, avó, casada, formada etc. etc. etc.
Ao final, da primeira parte da oficina, fiquei com o exercício de refazer essas linhas, de uma outra forma, que me representasse, então, aqui embaixo, está posto.
Professora de formação, exploradora por profissão, estudante, eterna, por opção, do fim até o começo.
Mulher mãe e avó, é amor de montão!
Vê beleza mundo afora, seja no micro ou macro cosmos.
Nascida em Pelotas, escolheu Brasília como morada.
Quando acorda dá bom dia ao mundo, aos céus e a natureza, com café, com certeza.
Pós-cinquentou em conteúdo digital, abraça o mundo, por querência e gratidão.
Guerreira, com a autoimunidade, tendo o humor como arma, tira de letra as lutas e batalhas.
61 anos de pura inspiração, tem olhar meigo e perspectiva jacobina.
É muralha, resistência, porto seguro, recheio de puro sentimento, em vastos amplexos.
O final do ano é frequentemente retratado como um período de alegria, união e celebração. As ruas se iluminam, as casas se enfeitam e o espírito festivo toma conta do ar. No entanto, para muitas pessoas, essa época pode ser marcada por sentimentos de tristeza, ansiedade e até mesmo depressão.
Por Que o Final do Ano Pode Ser Tão Difícil? Existem diversos fatores que contribuem para o surgimento ou agravamento da depressão no final do ano:
– Pressão Social: A ideia de que todos devem estar felizes e celebrando pode gerar uma sensação de inadequação em quem se sente triste ou solitário. – Cobrança por Retrospectiva: O final do ano nos convida a refletir sobre nossas conquistas e fracassos, o que pode levar a sentimentos de frustração, ansiedade e baixa autoestima. – Fatores Financeiros: As despesas com presentes, viagens e festas podem gerar estresse e preocupações, especialmente para quem já enfrenta dificuldades financeiras. – Lembranças e Perdas: Esta época pode reacender a saudade de entes queridos que já partiram ou de momentos felizes que não se repetirão.
Quais os Sinais de Alerta? É importante estar atento aos seguintes sintomas:
– Tristeza persistente e profunda – Perda de interesse por atividades que antes eram prazerosas – Alterações no apetite e no sono – Dificuldade de concentração – Sentimentos de culpa e inutilidade – Pensamentos negativos e recorrentes – Isolamento social – Fadiga e falta de energia
Como Lidar com a Depressão no Final do Ano? – Reconheça Seus Sentimentos: Não tente ignorar ou reprimir suas emoções. Permita-se sentir e acolha seus sentimentos com compaixão. – Busque Apoio Social: Converse com amigos, familiares ou procure grupos de apoio. Compartilhar suas experiências pode ajudar a aliviar o peso da solidão. – Cuide da Sua Saúde Mental e Física: Mantenha uma rotina saudável com atividades físicas regulares, alimentação equilibrada e sono de qualidade. – Limite a Exposição às Redes Sociais: A comparação com a “vida perfeita” de outras pessoas pode intensificar sentimentos de inadequação e tristeza. – Defina Limites: Não se sinta obrigado a participar de todas as festas e eventos. Priorize seu bem-estar e diga “não” quando necessário. – Pratique a Gratidão: Concentre-se nas coisas boas da sua vida e cultive sentimentos de agradecimento. – Busque Ajuda Profissional: Se os sintomas persistirem, procure ajuda de um psicólogo ou psiquiatra. A terapia pode te ajudar a lidar com as causas da depressão e desenvolver estratégias para gerenciar suas emoções.
Lembre-se: Você Não Está Sozinho! Buscar ajuda é um sinal de força e coragem.
Onde Encontrar Ajuda: – Centro de Valorização da Vida (CVV): 188 (ligação gratuita) – Serviços de Saúde Mental do SUS: Unidades Básicas de Saúde (UBS), Centros de Atenção Psicossocial (CAPS)
Quero falar de um mundo de cores, flores e amores. Quero falar do meu pai.
Hoje é o seu aniversário de nascimento e festejo também o que nos une, os jardins, as plantas, as flores.
Meu pai era caprichoso, ao formar seu jardim tinha esmero e acuidade.
Fazia canteiros lindos, tudo era organizado, incrível. Em volta de cada planta maior ou roseira, havia um canteiro, de cores e alturas para destacar a flor principal, o botão de rosa, o Pessegueiro de Jardim. Dando um fino acabamento aos canteiros, os Álissos brancos.
As árvores e arbustos eram pintados com cal, os caules brancos destacavam a beleza do todo.
No nosso jardim tinha todas as cores de rosas, a que gravei, pele de moça bonita. Começava champanhe, ía mudando de cor até a borda rosa.
Amava o que fazia, cuidava com carinho, trazia sementes de Holambra, lembro dos ninhos que acomodavam as sementes, as batatas e as mudas.
Ele me ensinou o nomes de flores, pouco conhecidas e acho isso adorável. Me levava em casa canteiro apresentando: Rosa, Cravo, Strelitzia Regina, Amarilis, Dália, boca de leão, amor perfeito, Lírio, Palas, Violeta, Hortênsia, Gazânia, Narciso, Antúrio, Papoula, Onze-horas, Gérbera, Margarida, Lisianto, Orquídea, Íris, Petúnia, Alamanda, Copo de leite, Petúnia, Capuchinha, Chuva de Ouro, Príncipe Negro, Pessegueiro de Jardim, Gladíolo, uma infinidade. Essas que lembrei, há muito mais.
Na minha infância desenvolvi uma das minhas características de assinatura, apreciação da beleza. Vivia num mundo que, do micro ao macro, tudo era observado, destacado e contemplado.
Durante 10 anos fui privilegiada com a sua convivência, sabedoria e reverência a natureza, ele enriqueceu a minha vida.
Transformar a dor em arte é o meu lema!
Escrevo poesias e prosas para expressar sobre a vida com mais beleza, leveza e fé.
Vêm comigo passear no mundo criativo♡